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Poesias

20/10/2021

Um pouco de jeito, um mundo de medos

Viemos de tão longe, com tão pouco tempo, tampouco desinteressantes segredos.

Espalhamos o que bate aqui dentro em qualquer calçada, que se tornam o mundo inteiro.

Levamos nossos olhos, o perfume encravado na roupa.

Nossa sede, os dentes que tanto invejam, e até uma parte do peito.

Escancaramos nossa vida, os amores, todo a nossa inevitável falta de jeito.

Escondemos dos olhos o que se joga à frente.

O que tira nosso sorriso, acaba com a noite de sono.

O que mostra que somos feitos de medos.

Ignoramos que chegamos sozinhos, e vivemos procurando abrigo.

Lá fora, no calor do momento.

Num detalhe do rosto que grita.

Na boca com gosto de eterno.

Na folha que roça no vento.

Fugindo do que tira o ar, daquilo que tanto esperamos.

Nos encolhemos debaixo da cama.

No frio do lençol intocado.

Pra seguir vivendo de busca, na espera do que já esteve.

E foi embora enquanto sonhávamos acordado.

Jurando que a vida seria pra sempre.

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