Blog

Sábado, 16h30, o gremista começa uma longa caminhada ao lado do seu time no percurso que leva de volta à Primeira Divisão do futebol brasileiro. Do jogo contra a Ponte Preta, no estádio Moisés Lucarelli, até a última rodada, uma tortuosa e pouco confortável Série B espera pelos tricolores. Em casa e longe de Porto Alegre.

Os mais antigos contam o inferno que foi a estreia do clube na Segundona, em 1992. A geração que fez a transição entre Olímpico e Arena testemunhou o fatídico ano de 2005, e o milagre que nos resgatou lá de baixo pela segunda vez. Os mais novos, que ainda não viveram na pele um Grêmio x Vila Nova, numa chuvosa sexta à noite do inverno gaúcho, se somarão ao grupo daqueles que sustentam o clube muito mais por teimosia e paixão do qualquer argumento razoável. Todos, juntos, caminharemos com o Grêmio, como sempre, onde ele estiver.

A Série B dói, mas cria casca. Faz perguntar, a cada partida, quem foram os incompetentes que deixaram acontecer, mas também faz surgir a conexão com a torcida que só acontece quando estamos todos no fundo do poço. Não à toa, foi num desses momentos que surgiu nas arquibancadas o “…e na ruim muito mais”, cantado a plenos pulmões. Porque o sofrimento aproxima.

São poucos adversários tradicionais, alguns folclóricos, e muitas armadilhas. Jogadores com nomes e apelidos inusitados, viagens de ônibus, catimba, hostilidades, um eventual fiasco contra um time pequeno, aquele empate em casa que frusta e indigna. E a vontade de transformar o duelo contra nós em uma Copa do Mundo. Afinal, é o Grêmio que está fora de lugar. O intruso da história é um tri campeão da América e campeão do mundo. E ali, no meio da indigesta segunda divisão, todo arsenal de títulos valem de nada, apenas para criar no outro lado o desejo de aparecer em um jogo importante.

Contudo, a camisa vestirá cada uma das oportunidades. Uma camisa que sabe enfrentar dificuldades, sabe caminhar no barro e no chão batido, porque já esteve lá. Talvez, não com orgulho, mas com toda a humildade. E será com ela que, passo a passo, chegaremos ao objetivo único do ano, que é retornar. Mais fortes, mais cascudos, ainda mais humildes. E sempre grande.