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Grêmio

07/10/2021

Estádio não é lugar de silêncio

Alguns lugares não combinam com o silêncio. Sobrevivem de barulho, de vozes, emoção gritada e expectativa exagerada, que não se constrange em invadir o mundo. Até o desespero salta boca afora em espaços que se alimentam do som.

Quando eu subia a escada para a arquibancada norte da Arena na última quarta-feira, fui arrebatado por um silêncio muito mais do que incômodo. Foi um silêncio que, além de não combinar com a casa do gremista, incomodou profundamente. Porque ali nunca foi lugar de quietude e calmaria. O nosso estádio aprendeu a respirar o Grêmio em voz alta. E hoje agoniza, junto com o clube. E só quem pode mudar isso é o torcedor.

Nem de longe vivemos o momento que merecemos e gostaríamos. O time é quase regular nas más atuações e mostra poucos sinais de que pode escapar do rebaixamento. Críticas à direção não param de aumentar e o sentimento entre todos oscila entre esperança e descrédito, em um senso comum de que ainda há chances, mas a queda já soa bem provável.

Contudo, nada disso deveria causar o silêncio dentro da Arena. A apatia vinda das cadeiras, a ausência de quem sustenta o tricolor. Menos de cinco mil pagantes, público do último jogo, é mais do que suficiente para ligar o sinal de alerta. Se o atual elenco cair, se os cartolas que hoje comandam caírem, eles não sofrem a dor do tombo. Seguem suas vidas, uns mais sentidos do que outros, mas sem tanta preocupação. Quem fica com as feridas abertas é o gremista nas ruas, são todos que não estão indo a campo para cantar, gritar, até vaiar, mas apoiar. Não jogadores ou presidente. Mas as nossas cores.

O Grêmio não pode cair. A torcida tem o poder de evitar isso. Foi o grito da arquibancada que trouxe títulos, classificações, evitou tragédias. Tantas foram as vezes que o time não correspondia dentro das quatro linhas, mas o estádio em peso pressionava o adversário a entender quem estava enfrentando, e sabia que não sairia dali vitorioso.

Os valores dos ingressos estão abusivos. É completamente compreensível a dificuldade em levar a família. Mas há uma imensidão de heróis que mantiveram a sociedade em dia e podem estar lá, mas estão em casa. Isso não é um julgamento, é um conclame. Ninguém é menos gremista por não ir à Arena, mas certamente quem vai soma-se ao momento que vivemos. Podemos evitar a tragédia. Para isso, a escada não pode estar quieta. A arquibancada precisa gritar. O Grêmio ama a rouquidão da nossa voz. Ela pode, e vai, nos salvar.

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