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Grêmio

06/01/2022

Um ano de sacrifícios

O Grêmio passou a ter modalidades de sócios como as atuais a partir de 2006. Lembro que chorei de emoção quando consegui associar eu e meu irmão, imaginando como nosso velho estaria feliz lá de cima vendo os filhos entrando juntos no Estádio Olímpico, carregando no bolso a carteirinha gravada com o nome que ele nos deu. Antes disso, para ser sócio ainda existia a necessidade da compra da Jóia, como era costume em praticamente todos os clubes do estado, o que tornava tudo mais caro e, para muitos, inviável. Por isso, em 2005, foi necessário comprar jogo a jogo os ingressos para acompanhar a Série B.

Foram muitas as histórias naquele ano. Jogador fazendo gol e chorando na beira do gramado, promessa da base escondida em vestiário durante o a partida para evitar pressão da torcida para que o técnico o escalasse, jogadores muito além de questionáveis sendo ovacionados em raros lances de felicidade.

E cada rodada nos sábados à tarde, sextas à noite e outros horários que a segunda divisão reserva tinha um ingrediente em comum que todos os que frequentaram aquele estádio jamais esquecerão: a simbiose entre time e torcedor. Vinda da necessidade que só o fundo do poço traz, a união campo-arquibancada foi tão natural quanto dizer que se é gremista. Sem forçar, sem implorar, sem romantizar um momento tão horrível e que quase valeu a continuidade do clube. Quem jogava e quem gritava lá fora tornaram-se uma coisa só pelo sentimento de ajuda mútua que foram encontrando. Queríamos, todos, subir, e somente unidos aquilo aconteceria. De jogo em jogo, sacrifício em sacrifício relevando jogadores ruins, incentivando piores ainda, gastando o dinheiro apertado, abrindo mão de compromissos para ‘só mais essa vez’ apoiar. Foi como, contando com a loucura e o milagre dos Aflitos, conseguimos trazer o Grêmio de volta.

Muitos gremistas estiveram comigo no concreto inesquecível do Olímpico. Outros tantos irão entender o que é o inferno da Série B agora, nas cadeiras da Arena. O que todos teremos em comum é um momento de renovação, de demonstração de uma paixão que costuma aflorar em situações delicadas como essa. Será um ano muito difícil. Que não mais esperávamos viver, mas do qual não podemos fugir. E a única forma de encarar é como foi feito em 2005. Com a torcida mostrando que não merece estar ali, e que virá da arquibancada, mais uma vez, a força para devolver o Grêmio ao seu lugar.

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