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Crônicas

19/11/2021

A visita da saudade

Eu tenho 35 anos e muitas saudades. Aprendi rápido a inventá-las. Desde que as palavras ainda escondiam-se em meus delírios de infância. Com ainda poucos anos de vida, sem nem perceber, eu já tinha uma mala carregada de lembranças que nunca mais iriam embora. Algumas porque eu fazia questão que assim fosse, outras porque a vida não pergunta o que ou quem vai ser para sempre na nossa memória.

Muitas dessas saudades, não por coincidência, tem o mesmo CEP. Ou tinha, porque sou da época que pequenas e até médias cidades ostentavam somente um código postal. Mas, vamos lá, essas saudades vivem todas num mesmo lugar. Carlos Barbosa é de quem eu falo. É quem hoje falou de mim, me deixou falar dos meus sonhos. Em entrevista ao amigo Altamir Oliveira, contei para os ouvintes da Rádio Estação FM 89.5 o que meu terceiro livro tem para dividir com o mundo.

Sentado naquela cadeira, com um microfone que há muito já não é novidade na vida de um jornalista, eu paralisei. Não por falta de prática ou nervosismo. Paralisei porque uma vida passou na minha cabeça. Minhas saudades, escolhidas ou não, vieram me visitar em milésimos de segundos. Me lembraram o Egui menino correndo pelas ruas da cidade. O Egui vivendo seus melhores momentos, experimentando a maior dor e cada lágrima que me tomou naqueles dias. Lembrei da primeira rádio, a primeira feira do livro como escritor, a primeira palestra. O primeiro convite para ser patrono de uma feira. Lembrei da família. Desilusões e acolhimentos. Tudo ali, numa cidade que tudo isso me deu.

Respirei rápido, e segui. Porque o bom da saudade é vir nos lembrar que já vivemos tanto, mas jamais nos impedir de inventar novas. E é assim que eu vou continuar vivendo, com vontade de diferentes saudades. Tomara que muitas delas sigam em Carlos Barbosa.

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