Blog

Ivanildo é um nome tipicamente brasileiro. Muito comum principalmente num passado quase distante do Nordeste do país. Terra que costuma entregar com certa frequência ao restante dele duas coisas que nos ajudam muito a seguir esta vida tantas vezes sem graça alguma. Lá de cima, costuma vir simplicidade e humor. Quando o pacote vem completo na mesma pessoa, é inevitável que se transforme em sucesso. E marque lembranças eternas. Como só as que ‘A praça é nossa’ soube fazer.

Nos deixou neste 10 de janeiro um desses cabras que dominam tal arte. Ivanildo Gomes Nogueira, que você certamente conhece por Batoré, deixou saudades do convívio à família e amigos, e uma nostalgia imensa de uma multidão, por uma época que sorrir parecia mais fácil, mais simples, como o sorriso e o humor do Batoré.

Naqueles inesquecíveis anos 90, no banco da Praça, o jeito irreverente e escrachado do ator encantou crianças e adultos que não queriam saber de outra coisa além de rir dos próprios infortúnios. O jargão ‘pensa que é bonito ser feio’, eternizado por ele, correu rodas de conversas e risadas Brasil afora, porque não eram poucos os que se familiarizavam com a falta de beleza e de sorte do personagem.

Batoré fazia rir rindo. O cabelo tosco, o figurino caricato, as histórias que repetiam a forma única que o brasileiro dribla as próprias desgraças e ainda encontra argumento para ser feliz em meio a tudo isso. Foi o reconhecimento com a própria sina que conectou tão bem o público a Batoré.

Aos 61 anos, parte para rir seu riso simples lá em cima. Não me importam as escolhas políticas que vieram depois, os posicionamentos que só cabiam a ele. Muito antes disso, Ivanildo deixou um país mais leve, mais recíproco, mais feliz, com as famílias querendo gargalhar juntas. E isso ninguém, nem a morte, irá nos tirar.

Se você não consegue separar, Batoré mesmo responde: ‘Ah para, ôôô’!