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Crônicas

15/10/2021

A partida de um sonhador

Toda partida é triste. Tanto as precoces, que nos enchem de revolta, quanto as aguardadas, que doem, mas muitas vezes são quase um alívio em corpos que já sofreram além do suportável. Toda vez que alguém deixa esse mundo, lágrimas inevitáveis caem em rostos aleatórios. Quanto mais bem foi feito por quem se vai, mais são os olhos que lamentam a despedida. Mas a dor e a incredulidade são ainda maiores quando morre um sonhador.

Eu sei que todos nós temos nossos sonhos e objetivos. Acordamos cada manhã atrás deles, e vivemos incomodados enquanto não viram realidade. Mas são poucos os que marcam sua trajetória pelas conquistas que idealizaram, e os lugares aonde chegaram. Em um mundo de imediatismo e pouca entrega, são cada vez mais raras essas pessoas.

A consternação pela perda de Adelino Colombo é justamente por sabermos que perdemos um sonhador. E dos maiores. Alguém que viveu inquieto, sempre acreditando que podia mais, e buscando esse novo passo. Confiando, quando os outros sugeriam cautela. Apostando, mesmo com o mundo alertando que já havia chegado longe o suficiente. Seu Adelino não lidava muito bem com o conceito de suficiente.

Nós identificamos os grandes sonhadores ao topar com eles. A alma nitidamente tem dificuldade de manter-se no corpo que lhe delegaram. Há uma aura ao redor dessas figuras que nos prende, hipnotiza, faz querer aprender. Quem encontrava com seu Adelino sentia isso. Queria ouvir, questionar, pedia que contasse sua história, quase que como sugar sua forma de encarar a vida e o conhecimento que dali transbordava. E ele não contava somente a trajetória, os momentos, as decisões. Enumerava os seus sonhos. Aqueles que já havia realizado, e os que ainda viriam. Porque um sonhador jamais para de inventar novos, mesmo sabendo valorizar todos que já viraram eternos.

Adelino Colombo transcendeu os rótulos de empresário, visionário, patrão, bem sucedido, homem de sucesso. Adelino Colombo foi um sonhador. Milhares fizeram suas vidas graças aos sonhos que ele ousou realizar. Todos nós lamentamos sua partida.

Obrigado pelos sonhos, seu Adelino. E por dividi-los com o mundo.

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