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Casamentos

09/02/2022

O amor pode ser simples

Eu cresci ouvindo que o amor é uma loucura. Que morrer por e para ele faz parte da nossa trajetória. Amar e enlouquecer como verbos apaixonados, esbaldando-se na cama como única conjugação possível. Esse amor que nos tira razão e sono, tranquilidade e sanidade toca nas rádios, vem escancarado nos filmes, vira hit do verão. O que vale é a adrenalina, a vontade de controle, uma certa submissão camuflada. Tudo para viver o que grandes estrelas viveram, sentir o que as melhores letras cantaram.


Amor com paz não está nas músicas, não é ensinado no dia a dia. Os livros não emocionam se a calmaria está escrita. Não nos fazem sonhar com alguém que chega e tranquiliza, muito mais do que enlouquecer. Insistem, inclusive, que só é amor quando a cabeça vai dormir virada, e acorda como se estivesse indo dormir.


Mas ele existe. Às vezes, precisamos andar muito para encontrá-lo. Precisamos enfrentar todos os outros que querem nos fazer refém daquela insanidade. Caminhamos por muitos lugares, voamos para diferentes línguas, esbarramos em similares sotaques. Jogamos moedas em fontes à espera de que sejamos atendidos. Quase desistimos numa resignação ensaiada de que, quem sabe, nosso destino não é a dois. Que tudo bem seguir sozinho. Que a vida, para nós, é assim.


Mas os mesmos livros e músicas que nos ensinam que o amor é perdição também avisam que quando o coração acalma, desanima e não sonha mais é que a vida acontece. E o amor chega. Sem loucura, sem controle, sem terremotos ou tragédias naturais. Ele vem com leveza, com parceria. Traz o que nenhum outro sequer tentou. Vem sem querer mudar, sem querer atropelar. Para ele vale um sorvete à noite, e descansar no abraço dado.


Arrebata, mas conversa. Tira o fôlego, mas releva. Ensina, aprende, tenta. Equilibra. Viaja, recomeça, faz comida. Vira amigo, vira agora, torna-se família. E fica. Não por obrigação, mas porque escolhe ficar. E embala não sonhos intocáveis, mas os momentos que inventa, um a um, em dois mundos que se encontram.


O poeta um dia disse que não amamos o outro, mas a imagem que criamos da pessoa. Seguimos apaixonados não pelo que é, mas pelo que desejamos que seja. A vantagem de viver um amor tranquilo é poder reescrever a poesia, e gostar justamente do real, do que se pode tocar e respirar. O amor pode ser simples. A Deborah e o Francisco podem provar.

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