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Um antigo chefe que tive me ensinou uma curiosa e valiosa forma de classificar as pessoas que até hoje julgo interessante. Nem sempre concordo com ela, mas há um mínimo de sentido na avaliação do meu velho empregador. Entre quem chega, quem passa, fica ou escapole, para ele, as pessoas eram ‘gente de boa ou pouca qualidade’.

Os argumentos para dispor cada uma delas numa régua inventada por ele cabe somente ao pai do curioso ranking. Eu me ative aos extremos, as partes das classificações que costumam me ater. Geralmente, é nas pontas que tudo se explica.

Pegando a régua para mim, decidi, em meio ao tropeços e aprendizados da vida, que seria ela a balizar quem andaria comigo, quem iria me inspirar. Gente de pouca qualidade, como apontava o dono do contracheque, estava fadada a ficar pelo caminho. Já os de boa qualidade, se assim entenderem, seguem comigo, na intensidade e convivência que ambas as vidas permitem. Mas sempre um bom encontro quando essas mesmas vidas nos dão uma chance.

Ontem, reencontrei uma dessas pessoas de boa qualidade. Na classificação essa, de ótima. Entreguei um exemplar do meu novo livro ao amigo e também cronista frei Jaime Bettega .

Me contou do catador de frases que é, e do desafio de cronicar diariamente. Mal sabe ele que tanto bem dentro da mesma alma só poderia se transformar em palavras, daquelas que invariavelmente melhoraram o mundo. Como as pessoas de boa qualidade apontadas pela sabedoria do meu chefe, como os humanos que vivem por aí mudando a realidade de quem sofre com a sua. Como faz, escrevendo e vivendo de entrega, o meu amigo Jaime.