Blog

Muitas pessoas dizem que a única certeza da vida é o fim dela. Para mim, que felizmente nunca cheguei lá, a única certeza da vida é que ela nunca para de mudar. E essa talvez seja a nossa grande sorte. Não para justamente porque estamos vivos, respirando, trocando. Porque não deixamos de encontrar, de tentar, começar. Toda mudança é um recomeço do qual precisamos, mesmo que nem imaginemos isso, mesmo que não estejamos buscando por algo diferente de tudo que já conhecemos. É uma chance de mostrarmos para aquele fim que ele está bem longe. Nós ainda temos muito por mudar até lá. E algumas almas por reconhecer.

A vida muda indo para o trabalho, no meio da tarde. Muda quando corremos atrás e também quando pensamos que não merecemos. Porque decidir continuar é confiar que algo melhor está reservado, e que alguém está cuidando. As melhores mudanças chegam, inclusive, em meio a algumas distrações, intervalos que demos para o coração, já cansado de tanto pulsar um ritmo que já não tem tanta graça. Como nascemos com e pelo outro, fizemos tudo pela desejada independência, mas logo nos damos conta de que queremos formar novos pares. Precisamos do suporte que conforta, que ajuda a não desistir. No vai e vem da solidão, muitas vezes o que nos muda é um rosto, uma história, um apanhado de detalhes que nos fazem escolher, e que nos escolhem. 

Nas vezes em que rezamos para que tudo mude, que o destino traga um amor incondicional, não percebemos o peso da mensagem, e que Deus costuma ouvir. Pode demorar, jogar no tempo dele, inventar atrasos propositais, mas nunca erra. Sabe quem coloca, quem desvia, quem apaixona. Escreve por linhas jamais tortas, mas que nos colocam no caminho que não foi feito para trilharmos sozinhos.

Resiliência e incentivo. Tranquilidade e confiança. Diferenças que jamais afastam. Só fazem crescer um amor que não tinha outro lugar para morar que não dois peitos que aprenderam desde o primeiro beijo a respirarem juntos. As pessoas mudaram. Pelo simples fato que não poderiam mais serem as mesmas para viverem o que apareceu com uma força nunca antes sentida. Só podia ser daquele jeito, e nem precisava que não o fosse. 

As histórias viraram uma só. Os carinhos não sabem mais andar separados. O cuidado é genuíno, instintivo. Está em cada gesto, em cada plano. Do acordar ao fim da noite. No agora e logo mais. Súbito ou calculado. Em todo sonho que se faz a dois, desde o mais simples ao futuro imaginado. É troca, é diálogo, é adaptação. Porque o amor vive disso. Porque amanhã tudo vai mudar, mas a certeza que realmente importa é que o coração que nos escolheu estará ao nosso lado. No abraço da Kely, no sorriso do Felipe, no encontro de quem nasceu para ser dois.