Blog

Crônicas

26/10/2021

Onde fomos tão felizes

Por mais que possamos torcer o nariz e fingir que fugimos deles, os clichês vão nos acompanhar pela vida inteira. E são poucas as vezes em que erram. Um dos que não luto contra desde que entendi o quão certo sempre estará é o que diz que um dos segredos da felicidade é saber encerrar ciclos. Muitas das vidas arrastadas e que não alcançam nem metade da felicidade a que estavam fadadas que vemos por aí agonizam tal fardo por insistirem no que acabou, mas a teimosia insana e que planta solidão faz permanecer.

Como tenho um caso antigo com os clichês, hoje me entrego novamente a um deles, e ponho um ponto final em um lugar que me mudou por completo. Depois de seis anos e meio, deixo o espaço onde fui absurdamente feliz, e onde conheci lados bem escuros da tristeza.

O Egui que pegou a chave do apartamento e dormiu a primeira noite em um colchão de ar, sem mais nada ao que se agarrar, sentindo-se o homem mais especial do planeta, já não existe mais. Ou talvez ainda permaneça partes dele em outro que respira completamente diferente.

Aqui, eu aprendi a ser sozinho, mas não solitário. Aprendi a gostar da minha própria companhia, sem ter de, necessariamente, estar cercado de gente para ficar à vontade. Nesse lugar mágico, os livros viraram melhores amigos, e não à toa chegaram pouco mais de 60 e saem já 450 em uma biblioteca inquieta é que dificulta mudanças.

Aqui, cheguei acreditando na vida. Daqui, saio com a certeza de que ela vale cada segundo.

Pessoas, sorrisos, destinos e sonhos. Muita alma esteve comigo dentro destas paredes. Serão eternamente alguns dos anos mais especiais do meu caminho. Foi tanta lágrima que caiu neste chão, uma infinidade de vezes em que jurei não conseguir mais. Mas, também, foram incontáveis os momentos em que decidi enfrentar, continuar. Enquanto houvesse o céu lá fora daquela janela, e dependesse de mim abrir a cortina para buscá-lo, havia porquê não desistir.

Outro clichê, que diz que toda despedida é triste, é minha última visita no meu para sempre lugar. Arrisco uma lágrima, mas seco antes que invada o rosto. Mesmo vazio, o choro não cabe aqui. Ambos, eu e o meu lugar, sabemos que vivemos o que tínhamos para viver. Sorrimos e choramos juntos o que tínhamos para nos emocionar. Somos, agora, as melhores lembranças que a saudade pode inventar.

Crônicas

29/09/2023

A vida não é na velocidade dois

Saiba mais

Crônicas

13/09/2023

Vestígios do que já foram

Saiba mais

Crônicas

13/09/2023

A fúria que varreu a história

Saiba mais